terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Indecisão

Aqueles olhos da cor do mar
A calma, o sossego e o beijo de guaraná.
Aumentam mais ainda o meu desejo
O pêssego, o crepúsculo e o meio termo.
A união.
Nem lua, nem sol. Indecisão
O dia se esconde na noite
Que vagueia o pensamento e os sonhos
Daqueles que dormem
E todos dormem...
Todos dormem...
A noite já um pouco fraca.
Desiste.
E então se estilhaça.
Nasce um novo dia...
E todos dormem....
Todos dormem....

A.K.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Adeus (Ou o Recomeço)

Vou trocar de roupa
Descascar uma laranja
Vou encher a bolsa
De coisas sem sentido

Caminhando sozinho,
Em equilíbrio com o meio-fio.
Estou leve, muito leve...
E no fundo, bem feliz.

Voltando pra casa.
Enxergando as palavras
Que você me disse
Antes de partir

Quero me enrolar
Num pedaço de mar
Olhar no horizonte
O seu navio de partida

Para depois imaginar...
As árvores caminhando.
As estrelas sorrindo,
Sorrindo além da conta...

A.K.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

“(..) Enquanto alguns fazem amor, outros fazem comícios, outros fazem análises e outros fazem doces. Eu vejo, eu sinto, eu cheiro isso tudo. Mas faço Filosofia. Ser ou estar. Não, não é ser ou não ser, essa já existe, não confundir com a minha que acabei de inventar agora. Originalíssima. Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja. Mas não esteja onde? Muito boa essa pergunta; não esteja onde. Fora de mim, é lógico. Para que eu seja assim inteiro (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. Não me desintegro na natureza porque ela me toma e me devolve na íntegra: não há competição mas identificação dos elementos. Apenas isso. Na cidade me desintegro porque na cidade eu não sou, eu estou: estou competindo e como dentro das regras do jogo (milhares de regras) preciso competir bem, tenho conseqüentemente de estar bem para competir o melhor possível. Para competir o melhor possível acabo sacrificando o ser (próprio ou alheio, o que vem a dar no mesmo). Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total. Vaidade das vaidades. Apenas vaidade. A conclusão é bíblica mas responde a todas as perguntas deste mundo desintegrado e confuso. Os loucos reinando sobre os vivos e mortos. Dominarão os poucos que conseguirem segurar as rédeas da loucura, quais? Pulmões e mentes poluídas. Importante papel está reservado aos psiquiatras. Aos profetas, acredito ainda mais nos profetas. Acho que eu seria mais útil se estudasse medicina, de que vão adiantar no futuro as leis se agora já são o que se sabe. Um psiquiatra maravilhoso. O chato é que quando leio um livro sobre doenças metais, descubro em mim os sintomas de quase todas, um psiquiatra por dentro demais da loucura. Salvo pelo amor (...)
Queria ser mas vou estar na engrenagem do faz-de-conta (...) “

Adaptação do trecho do romance “As Meninas”, cap. Nove – Lygia F. Telles

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Direi porque dizem. Disse.

Eu ainda não disse o que tenho pra dizer, mas se me permitirem eu direi.
Direi com toda a certeza.
Direi quase que cara a cara.
Direi. E isso é fato com condicional.
Direi o que essa tua cara, esse teu sorriso, essas tuas lentes tendem a me dizer.
Elas dizem, talvez até já te disseram, mas como nem sempre as escutamos, te digo:

Dizem coisas ainda não pronunciadas, ainda não expostas, dizem porque haveriam de dizer algo pela sua própria existência.Mas vai além, eles dizem certas coisas, num contexto mais amplo, algo maior.Talvez eu pense o que elas digam pela tua face meio quadrangular, talvez pela composição do rosto, mas, de certeza, não seria pela estatura.

Dizem que com elas você toma um ar de intelectual.

É que esses seus óculos, suas lentes, são um tanto quanto gentis em sua forma e quando são postos em rostos quase quadrados tomam-me por uma necessidade de fala descritiva, de uma exposição incontrolável.

Disse.

G. B.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

As Nuvens (ou De Onde Vem A Chuva)

Estou tão desarmado
Que não tenho mais você
Caminhando num campo minado
Deixo o acaso me guiar

Já fiz de tudo...
Escrevi ao lado do sol
O teu nome em letras garrafais

Jamais vou chorar
Confesso que até tentei
Mas começou chover
E as nuvens choraram por mim

E eu fiz de tudo...
Tentando entender
De onde vem a chuva, pra onde ela vai

Sei que junto dela
Foi embora o teu nome
Que será escrito nunca mais

A.K.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Terra de Gigantes

Hey mãe!
Eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo isso foi tudo
Que eu queria ter
Mas, hey mãe!
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer

Hey mãe!
Tenho uns amigos tocando comigo
Eles são legais, além do mais,
Não querem nem saber
Mas agora, lá fora,
Todo mundo é uma ilha
A milhas e milhas e milhas de qualquer lugar

Nessa terra de gigantes
Vocês ja ouviram tudo isso antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

As revistas, as revoltas, as conquistas
Da juventude são heranças
São motivos pras mudanças de atitude
Os discos, as danças, os riscos
Da juventude
A cara limpa , a roupa suja
Esperando que o tempo mude

Nessa terra de gigantes
Tudo isso já foi dito antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes

Hey mãe!
Já não esquento a cabeça
Durante muito tempo isso foi
Só o que eu podia fazer
Mas, hey hey mãe!
Por mais que a gente cresça
Há sempre coisas que a gente não pode entender

Por isso mãe!
Só me acorda quando o sol tiver se posto
Eu não quero ver meu rosto
Antes de anoitecer
Pois agora lá fora
Todo mundo é uma ilha
A milhas e milhas e milhas...

Nessa terra de gigantes
Que trocam vidas por diamantes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
Hey mãe, hey mãe...

H.G.